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O compromisso do Professor – Parte 2

Nossa conversa sobre o compromisso do professor com base na carta de Paulo aos Colossenses continua.

Já vimos a importância do (1) relacionamento com Deus e consciência do nosso chamado (Cl 1.1- 2,13, 24-25) e da (2) dedicação à oração fervorosa em favor dos alunos (Cl 1.9-12). Se você não leu a parte 1 desse artigo, clique aqui

Para seguirmos em frente vamos ler Colossenses 1.27b-29: “(…) Cristo em vós, a esperança da glória; o qual nós anunciamos, advertindo a todo homem e ensinando a todo homem em toda a sabedoria, a fim de que apresentemos todo homem perfeito em Cristo; para isso é que eu também me afadigo, esforçando-me o mais possível, segundo a sua eficácia que opera eficientemente em mim” (grifo da autora).

O próximo ponto que vamos destacar é a (3) Disposição para o trabalho árduo.

Gosto da ilustração dos pés de uma bailarina. A plateia, ao vê-la dançando, fica vislumbrada com sua leveza e técnica, mas seus pés, ainda que encobertos, revelam seu esforço e comprometimento. Existe um custo para um bom desempenho.

Contudo, em nossas igrejas ainda presenciamos convites aos futuros professores com alegações do tipo: Não se preocupe, você só terá que dar aula uma ou duas vezes por mês… o assunto é tranquilo… Além disso, quando o professor não cumpre nem mesmo esse mínimo combinado, nada acontece porque a liderança tem receio de “perder” o professor. Que tipo de mensagem enviamos aos futuros e atuais professores quando os abordamos dessa forma?

“Nossa real preocupação não deve ser minimizar o comprometimento e esforço, (…), mas apontar o que a Bíblia mostra sobre o grau de compromisso do professor”

Por outro lado, também presenciamos professores que trabalham arduamente, mas estão esgotados e solitários. São esses que, no final do ano, só pensam em entregar seus cargos e descansar.

Onde está o equilíbrio? Nossa real preocupação não deve ser minimizar o comprometimento e esforço, em tão pouco sobrecarregar o professor, mas apontar o que a Bíblia mostra sobre o grau de compromisso do professor:

( a ) Gálatas 4.19 – Paulo se compara a uma mãe prestes a dar à luz. Afinal, ele vê os gálatas como seus filhos, por quem está disposto a sofrer dores e angústias até que Cristo seja formado neles.

Reflita: vejo meus alunos como filhos na fé e sinto-me responsável por eles? Como demonstrado essa verdade?

( b ) Tiago 3.1 – à primeira vista, parece que Tiago joga um balde de água fria ao escrever: “Meus irmãos, não vos torneis, muitos de vós, mestres, sabendo que havemos de receber maior juízo”, contudo, a intenção foi mostrar que ensinar é um grande privilégio acompanhado de uma enorme responsabilidade, em um alto padrão. Não deve ser feito de forma leviana. Ensinar exige qualificação, preparo e suas consequências são duradouras (Rm 14.10-12).

Reflita: ao ensinar, sou cuidadoso no preparo sabendo que minhas palavras podem influenciar meus alunos tanto para o bem quanto para o mal?

( c ) Colossenses 2.19 – imagens que remetem à importância de estarmos ligados uns aos outros, são abundantes nas cartas de Paulo. Seu exemplo de trabalhar em equipe é notável. Logo, observamos que um professor comprometido não trabalha sozinho, ele é parte integrante de uma equipe e deve esforçar-se para estreitar os laços com seus companheiros de ministério. Muitas vezes, professores muito habilidosos se isolam porque creem que ninguém fará como ele faz e não tem a paciência de ensinar e de aprender. Seu isolamento cresce e seu desgaste também.

Dicas práticas

• Para liderança:

  • faça uma lista do que é essencial para ser professor e, ao sondar novos professores ou fazer convites para permanecerem no quadro de professores 2022, deixe bem claro o que se espera deles;
  • faça o planejamento anual que inclua: período de recesso para os professores, pelo menos no meio e final de ano; um treinamento e um encontro de integração por semestre. Compartilhe o treinamento e relembre com antecedência as datas.
  • incentive os professores com palavras de atitudes que demonstrem seu apreço.

• Para professores:

  • Lembre-se de que você é um professor discipulador, logo, deve estar presente na sala de aula e na vida dos alunos o máximo de tempo possível, e não somente cumprir uma escala;
  • Planeje as aulas e compartilhe com o outro professor da sua classe. Interajam e carreguem a carga um do outro.

E lembrem-se, tudo será feito conforme a força do Senhor “que opera eficientemente em mim” (Cl 1.29). Assim, dia a dia o Espírito Santo nos capacitará e renovará nossas forças para a sequência de nosso trabalho.

Editorial do Jornal Brasil Presbiteriano, Ano 63 nº 805 – Dezembro de 2021


Márcia Barbutti Barreto é Editora da Cultura Cristã para material Infanto-juvenil.

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