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Somos o povo do Purim

Entender o nosso perdão em Cristo faz uma grande diferença na nossa vida. Agora temos paz com Deus. Temos uma paz que transcende qualquer paz que este mundo tem para oferecer, porque ela se baseia não num Mordecai para defender nossa causa diante de um rei como Assuero. A nossa paz depende de Jesus, que nos leva constantemente à presença do Rei dos reis. Jesus é aquele que busca o nosso bem e trabalha para nossa prosperidade como descendentes dele (veja Et 10.3).

Para falar a verdade, a vida muitas vezes ainda se parece como nos dias de Mordecai e Ester, e somos tentados a reagir da mesma maneira que os judeus da geração deles fizeram, sem fazer menção de Deus. Às vezes, parecemos estar em meio ao mar revolto e correndo o risco de sermos submergidos no atoleiro. Talvez um Hamã pareça estar no controle do nosso destino, e por isso choramos e lamentamos. As coisas então mudam e um Mordecai ou uma Ester aparecem para nós e a vida se toma melhor. Nós então festejamos e celebramos e dizemos uns aos outros: “Não dá para ficar melhor do que isto”. O estudo dos nossos padrões de celebração e de jejum pode revelar quais são nossas prioridades e esperanças. Mas os olhos da fé estão constantemente olhando para além das circunstâncias visíveis deste mundo. Eles olham para a realidade celestial invisível, em que agora mesmo Cristo está entronizado por nós.

O livro de Ester nos conclama a analisar nossa prática de jejum e nossa celebração para nos ajudar a diagnosticar nosso coração. Quais são as coisas que nos fazem descer até às profundezas do desespero? Quais são as coisas que nos elevam até à máxima exultação? Até mesmo a maneira como celebramos as festas do nosso calendário religioso – tais como o Dia de Ação de Graças, o Natal e a Páscoa – pode ser um recurso poderoso de diagnóstico. Do que precisamos para que essas celebrações sejam “perfeitas”? Que coisas nos causam ansiedade e estresse todos os anos por causa do nosso nervosismo porque elas não ficarão prontas? Temos de ter uma grande pilha de presentes no Natal? Temos de ter certos tipos de prato no Dia de Ação de Graças? Julgamos indispensável a presença de certos membros da família ao redor da mesa na Páscoa? Para muitas pessoas, há coisas que as deixam excessivamente estressadas todos os anos, porque elas sentem que tudo tem de estar perfeito.

Por que o nível de estresse doméstico cresce dramaticamente no período dos feriados? É porque a própria festa expõe nossa idolatria. Eu me lembro de ter feito uma birra ridícula num Natal porque recebi de uma tia um kit para montar um navio, enquanto minhas irmãs receberam adoráveis bichinhos de pelúcia. Não havia nada de errado com o presente. Contudo, não era o que eu queria, e minha autoidolatria ficou exposta aos olhos de todos. Mas não é só a idolatria das crianças que fica exposta ano após ano no Natal. Os adultos também expõem os seus corações por meio do que os deixa empolgados ou desapontados. Nós também somos condenados pela birra que fazemos porque as pessoas e os presentes não atingem as nossas expectativas.

Hamantaschen, doces tradicionais da festa judaica de Purim

Hamantaschen, doces tradicionais da festa judaica de Purim

Porém, não é apenas nossa birra nas festas que revela o nosso coração. Até mesmo os eventuais sentimentos de felicidade e satisfação podem expor nosso coração. Não é apenas a pior celebração do Dia de Ação de Graças quando queimamos o peru e atiramos ao chão um prato que mostra que nossa confiança está na coisa errada. Pode ser também o melhor Natal da nossa vida, quando tudo o que colocamos sobre a mesa está perfeito, e nosso cônjuge nos traz o presente mais atencioso de todos. Isso é tudo de que precisamos para que a festa satisfaça o nosso coração? Será que a nossa definição de melhor festa de todos os tempos é realmente tão horizontal que dispensa a necessidade de Deus criar alegria na nossa alma? Às vezes, nosso coração é condenado pelo que nos alegra, bem como pelo que nos traz preocupação.

Estudos bíblicos expositivos em Ester e Rute, de Iain M. Duguid, Cultura Cristã

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