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Firmando os Passos: Lição 17 – Os Dez Mandamentos (2)

PARA REFLETIR

Por que Deus deu a lei ao seu povo? Por que ele lhe deu algo que não apenas lhe daria ordens, mas também o condenaria? A resposta é que ele lhe deu sua lei para que o povo cresse em seu evangelho. Todos os grandes teólogos entenderam isso. Agostinho disse: “A utilidade da lei está em sua capacidade de convencer o homem de sua enfermidade e incentivá-lo a clamar pelo remédio da graça, que está em Cristo”.[1]

Martinho Lutero explicou assim: “(…) não abolimos a lei; antes mostramos sua função e seu uso verdadeiros, ou seja, que ela é um servo útil que nos impele em direção a Cristo. Agora que a lei o humilhou, o aterrorizou e o esmagou completamente, de modo que você se encontra à beira do desespero, cuide para que saiba como usar a lei corretamente, pois sua função e utilidade não é apenas revelar o pecado e a ira de Deus, mas também levar-nos a Cristo”.[2]

João Calvino expressou isso com palavras mais simples: “Moisés não tinha outra intenção senão convidar todos os homens a irem diretamente para Cristo”.[3]

E Charles Spurgeon disse: “Assim como a agulha afiada prepara o caminho para o fio, assim a lei afiada abre o caminho para o brilhante fio de prata da graça divina”.[4]

O plano de Deus era enviar um Salvador para o seu povo. Mas, antes, ele lhe deu a lei na forma de uma aliança de obras – uma aliança que o povo não conseguiria cumprir. Ao revelar seu pecado, essa lei mostrou que eles precisavam de um Salvador eterno, e isso os fez desejar a vinda de Cristo. Como nós, os israelitas foram salvos pela graça por meio da fé. A diferença primária é que a sua fé se firmava no Salvador que estava por vir, enquanto a nossa se firma no Salvador que Deus já enviou. Mas como os israelitas poderiam ter reconhecido a sua necessidade de um Salvador se o seu pecado não tivesse sido primeiramente exposto e amaldiçoado pela lei de Deus? É por isso que eles precisavam da lei. Precisavam dela para ajudá-los a crer no evangelho, e, assim, a lei de Deus acabou servindo para glorificar a graça de Deus. Paulo explicou assim: “Sobreveio a lei para que avultasse a ofensa; mas onde abundou o pecado, superabundou a graça, a fim de que, como o pecado reinou pela morte, assim também reinasse a graça pela justiça para a vida eterna, mediante Jesus Cristo, nosso Senhor” (Rm 5.20-21).

Estudos bíblicos expositivos em Êxodo, volume 1, de Philip Graham Ryken. Cultura Cristã.


[1] Agostinho, citado em Calvino, Institutas, II.vii.9. Cultura Cristã.

[2] Martinho Lutero, Lectures on Galatians, 1535, Jaroslav Pelikan (trad. e org.), Luther’s Works, vol. 26 (St. Louis: Concordia, 1963), p. 327.

[3] João Calvino, citado em Ernest C. Reisinger, The Law and the Gospel (Phillipsburg: P&R, 1997), p. 28.

[4] Charles Spurgeon, Parables and Miracles, vol. 3 (Grand Rapids: Baker, 1993), p. 413.

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