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MQV Kids: Lição 11 - Um amor maior do que esse

MQV Kids: Lição 11 – Um amor maior do que esse

Desde o início de sua história, vemos sinais de esperança para Ana. O primeiro sinal de esperança é a própria declaração sobre o envolvimento de Deus que muitos temem quanto às suas aflições:  […] “ainda mesmo que o Senhor a houvesse deixado estéril” (1Sm 1.5). Em vez de nos ressentir da soberania de Deus em nossas provações, nós, cristãos, devemos animar o coração. Nosso Deus provou sua fidelidade e amor enviando seu próprio Filho para morrer pelos nossos pecados. Nos dias de Ana, ele era conhecido como o Deus que foi fiel para libertar Israel da escravidão no Egito e que era poderoso para assegurar para eles a Terra Prometida. Em vez de supor um propósito profano, malvado ou condenatório nas aflições impostas por Deus, os cristãos precisam lembrar-se de que Deus é santo, de modo que todos os seus atos são santos; Deus é bom, de modo que ele planeja nossas tristezas para o bem; e Deus é cheio de misericórdia pelos quebrantados. Por meio das nossas provações, Deus não procura destruir-nos, mas salvar-nos. Como a própria Ana mais tarde testemunharia: Ele “levanta o pobre do pó e, desde o monturo, exalta o necessitado” (1Sm 2.8). Então, se Deus é aquele que fechou o ventre, devemos tomar ânimo, porque ele pode abri-lo.

No caso de Ana, Deus estava usando a situação dela para orquestrar o livramento de Israel da era terrível dos juízes. Essa era uma causa cara ao coração de Ana, como vemos pelo cântico que ela posteriormente entoou em louvor a Deus (1Sm 2.10). Podemos nunca saber como Deus usou nossas mais amargas provações para levar outros à salvação, para nos dar sensibilidade para ministrar a outros ou mesmo para provocar um importante avanço do evangelho. Mas conhecemos Deus e sabemos, por sua palavra, que “todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus” (Rm 8.28), de modo que podemos confiar no propósito dele para a nossa vida.

        Um famoso exemplo da história da igreja é a triste experiência de Mônica, mãe do maior teólogo da igreja antiga, Agostinho de Hipona. Como cristã dedicada, Mônica estava angustiada pelo desprezo que seu brilhante filho sentia pelo evangelho, e ainda mais pela vida sexualmente dissoluta que o via levar. Noite após noite, ela suplicava ao Senhor por Agostinho. Uma noite foi especialmente penosa, pois pela manhã seu filho planejava embarcar num navio para Roma, onde era de se esperar que um rapaz mergulhasse profundamente no pecado. Ela orou a noite inteira e, quando se levantou pela manhã e descobriu que seu filho havia partido, chorou amargamente diante do Senhor. Mal sabia ela que, na Itália, seu filho ficaria sob a influência do notável pregador Ambrósio de Milão e que, durante sua permanência ali, ele se converteria à fé em Jesus. Além disso, a própria impiedade que causava tanta dor a essa mãe deu a Agostinho uma penetrante apreciação da graça de Deus na salvação. Seu ensino de salvação somente pela graça teria profunda influência sobre gerações de cristãos, incluindo influência direta sobre os homens usados por Deus para liderar a Reforma protestante.

Então, se você sofre sob aflições, tenha ânimo por saber que Deus as desejou para você. João Crisóstomo, o grande pregador da igreja primitiva, escreveu sobre tristezas como a de Ana:

Mesmo que estejamos sofrendo aflição e dor, mesmo que o problema pareça insuportável para nós, não fiquemos ansiosos ou tomados de medo, mas esperemos a providência de Deus. Afinal de contas, ele é bem consciente de quando é o momento para que o que está nos causando depressão seja removido […] Não foi por ódio, de fato, nem por desgosto que [Deus] fechou o ventre [de Ana], mas para abrir para nós as portas para os valores que a mulher possuía e para vislumbrarmos as riquezas de sua fé e percebermos que ela se tornou mais [fértil] por causa disso.[1]

Estudos bíblicos expositivos em 1Samuel, de Richard D. Phillips, Editora Cultura Cristã


[1] John R. Franke, org., Joshua, Judges, Ruth, 1–2 Samuel, Ancient Christian Commentary on Scripture, Old Testament v. 4 (Downers Grove, IL: InterVarsity Press, 2005), 195.

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