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MQV Jr.: Lição 14 – Fé em Deus

Fé é o descanso do coração em Deus, o Autor da vida e da salvação eterna, de modo que sejamos salvos de todo o mal por intermédio dele e sigamos todo o bem até ele (Sl 37.5; Is 10:20; Jr 17.7). A fé recebe docilmente a troca de pecados por justiça, por meio da qual um homem pecador é creditado como justo em Cristo, uma vez que Cristo se fez pecado por ele (Rm 3.21-26). A fé, então, segue dando evidências externas de si mesma, que são chamadas de “boas obras”.

A fé é comprometida com princípios distintos, mas inseparáveis: um ato de entendimento e um ato de vontade. Primeiro, a fé envolve um ato de entendimento por meio do qual a mente dá assentimento à evidência. Esse é um conhecimento das declarações na Escritura a respeito do evangelho de Cristo (1Co 1.23; 2.2; 2Co 5.19). Contudo, a própria mensagem não é objeto de fé (Jo 20.31). O verdadeiro objeto da fé é a Pessoa em quem a fé é colocada – isto é, o próprio Deus, por meio de Jesus Cristo (1Tm 4.10). O homem não apenas crê sobre Deus, mas em Deus. Além disso, Deus é o objeto máximo da fé, enquanto Cristo é o objeto mediato da fé (Rm 6.11; 2Co 3.4; 1Pe 1.21). Isso significa que a fé verdadeira, salvadora, é um entendimento colocado em Deus por meio de Jesus Cristo.

Contudo, a mera crença em Deus por meio de Jesus Cristo, divorciada de um ato de vontade, não é a fé salvadora (Jo 7.17; 8.31-32; 1Jo 2.3). Esse ato da vontade é o segundo aspecto necessário da fé salvadora. Não sendo um mero ato do intelecto, o exercício de fé envolve um ato de escolha por todo o homem. A fé é uma decisão firme. É um deslocamento da confiança antes depositada no eu, em direção à dependência de Deus. Isso envolve uma entrega por um consentimento da vontade (Jo 6.35). Crer em Deus por meio de Cristo, então, é apegar-se a Deus, apoiar-se em Deus e descansar em Deus como nossa vida e salvação autossuficiente (Dt 30.20; SI 37.3-5; 62.7; Pv 3.5; Is 10.20; 31.1; 50.10; Rm 10.11).

A fé é um recebimento genuíno (Jo 1.12) – uma segura dependência de Deus (Pv 3.5). Consequentemente, a fé não é incerta e duvidosa, resultado do conhecimento humano imperfeito de um testemunho. Embora o testemunho escriturístico seja seguro em si mesmo (Jo 9.29; Rm 3.4; 1Co 2.5; 2Pe 1.20-21), a fé é mais certa porque se une à Pessoa de Deus. Aquele que é infalível fornece infalibilidade à fé verdadeira e salvadora. A fé se apoia no poder do Deus trino na salvação (Mc 11.23; Lc 17.6; Rm 1.16-17). Infelizmente, devido às imperfeitas inclinações humanas, a segurança da fé verdadeira frequentemente se sente debilitada. É por isso que o homem supõe que a segurança da fé é questionável – e é por isso que ele precisa da persuasão interior e do fortalecimento da fé pelo Espírito Santo (1Co 12.3; cf. Mc 9.24). Contudo, a verdadeira fé, seja fraca ou forte, é fé em Deus – e nisso está a segurança (cf. Mt 9.21; Hb 11). Portanto, a fé tão certamente une o homem a Deus em Cristo que ninguém pode removê-lo ou separá-los de Deus (Jo 10 28.29; Rm 8 35-39).

Além disso, assentimento intelectual geral e confiança sem vida não são fé salvadora (Tg 2.24). A fé é um assentimento baseado no conhecimento por meio do qual o homem vive para Deus em Cristo. A fé envolve declarar, em Cristo, que Deus é o nosso Deus. Isso é conhecido como submissão ao Soberano. Embora seja o primeiro ato por meio do qual somos salvos por Deus em Cristo, a fé evoca muitos atos que resultam em boas obras. A fé traz consigo a vida do homem a Deus. Da fonte da fé nascem sinceras resoluções para uma vida de obediência. Além disso, como a fé em Deus garante uma santidade progressiva – uma separação do pecado e um apego à justiça – o teste da fé verdadeira e salvadora é sumarizado com simplicidade: a fé que salva é a fé que trabalha.

Bíblia de Estudo Herança Reformada

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