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MQV Jr.: Lição 16 – Eu e Deus

O paradigma da procura por Deus

Ensina-me, Senhor, o teu caminho e guia-me por vereda plana, por causa dos que me espreitam… (Sl 27.11)

Sua vida é mais organizada do que você pode imaginar. Não, eu não estou me referindo a seu smartphone ou a seu tablet. Também não estou dizendo que você é tão eficiente em controlar seus compromissos que seus dias são regrados e previsíveis. O que estou dizendo é que a sua vida é organizada em função de “algo”. Você não é livre e autônomo como pensa que é. Seus impulsos podem não ser tão impulsivos quanto você pensa, e suas decisões, provavelmente, são mais analisadas do que você imagina. Você está vivendo para alguma coisa, e essa coisa é uma força organizadora poderosa em sua vida.

Ficou confuso? Bem, voltemos ao princípio da vida humana no jardim. Se prestar atenção ao que aconteceu nos primeiros momentos da humanidade, você vai conhecer coisas importantíssimas sobre a natureza dos seres humanos e como eles funcionam. Imediatamente após criar Adão e Eva, Deus começou a falar com eles. Por quê? Porque, diferente do restante da criação animal, os homens não vivem por instinto. A vida das pessoas é dirigida pelos pensamentos e desejos do coração. Toda pessoa é um teólogo. Toda pessoa é um pesquisador, um cientista. Toda pessoa é um filósofo. Toda pessoa é um investigador. Toda pessoa está desenvolvendo uma visão particular de vida, que a norteará e permitirá que ele ou ela entenda o que quer que esteja enfrentando.

As pessoas são também seres com propósitos. Elas são movidas por paixões e desejos. Elas vivem à procura de tesouros aos quais fixaram valores. Existem coisas que elas desejam intensamente e coisas que elas detestam. Elas procuram as coisas que amam e fogem das coisas que odeiam. Elas ficam alegres quando conseguem o que consideram um tesouro e ficam desapontadas quando seus tesouros deslizam por entre seus dedos como areia.

Foi por isso que Deus falou imediatamente com Adão e Eva. Ele sabia o tipo de criaturas que havia formado, por isso definiu para elas o padrão que moldaria seu viver. Ele lhes disse o que pensar e o que desejar. As primeiras palavras deixam bem claro que Adão e Eva foram criados por Deus e foram projetados para viver para Deus. Isso significa que tudo o que eles fizessem como seres humanos deveria ser moldado por amor, adoração e obediência a Deus. Isso é o que a Bíblia chama de “caminho de Deus”, que é um estilo de vida singular que molda as ações, reações e respostas à vida da pessoa que reconhece a existência, o caráter e o plano de Deus.

Existe, contudo, outra maneira de viver, que Provérbios chama de “um caminho que ao homem parece direito” (14.12; 16.25). Eugene Peterson observou que há uma trindade substitutiva para a verdadeira Trindade. São os desejos santos, as necessidades santas e os sentimentos santos. Quando vivo por essa trindade, minha vida é organizada pelo que eu desejo (alguma coisa terrena que tenha se tornado meu tesouro); pelo que digo a mim mesmo que necessito (esse tesouro tem tamanha influência sobre mim, até o ponto de me convencer de que não posso viver sem ele); e pelos sentimentos santos (a proximidade do tesouro no qual eu coloquei o meu coração dita a minha vida emocional). Nesses três casos, eu não estou reagindo espontaneamente à vida. O que parecem ser reações impulsivas são reações moldadas por desejos, necessidades e sentimentos que se fixam ao tesouro que eu desejo ardentemente.

É importante reconhecer que há uma guerra entre esses dois padrões de vida sendo travada em meu coração. Algumas vezes, consigo agir corretamente e minha vida realmente é estruturada pela procura por Deus, pelo sossego em sua graça, e pela obediência ao seu plano. Outras vezes, porém, sou dirigido por meus desejos egoístas e convenço-me de que não posso viver sem essa coisa que estou buscando com tanto zelo. Também é importante reconhecer que o padrão de Deus traz vida e o padrão do homem leva à morte. Somente quando minha vida é moldada pela procura por Deus é que eu posso viver com um coração satisfeito e sossegado.

Sua vida é, de fato, mais organizada do que você pensa. Que padrão molda suas respostas à vida e estrutura o seu dia a dia? Não tenha medo de confessar que você frequentemente age errado. O seu Senhor não apenas oferece a você o seu perdão, como também luta por sua liberdade. Assim, você pode dizer: “Senhor, eu erro com tanta frequência; Senhor, hoje, mais uma vez, ensine-me o seu caminho”.

Abrigo na tempestade, de Paul Tripp, Cultura Cristã

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