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Liderança: um modelo bíblico

Este é o fundamento de tudo o que se propõe neste livro sobre a forma, o caráter e a função da comunidade de líderes da igreja de Jesus Cristo: o modelo para a comunidade que é a igreja e, sobretudo, sua liderança, é o evangelho de Jesus Cristo. Sei que isso parece óbvio e vago, mas estou convencido de que não é nem vago nem óbvio. Acredito que se a principal força motriz da liderança nas igrejas locais ao redor do mundo fosse o evangelho de Jesus Cristo, muitas das coisas tristes que temos visto acontecer na vida dos líderes e das suas igrejas não teriam ocorrido.

Quero convidá-los a examinar comigo uma passagem que estabelece uma base evangélica para todos os relacionamentos na igreja, da pessoa comum no banco aos líderes mais influentes, cultos e com poder de decisão. Deixe-me dizer, antes de olharmos para essa passagem, que nenhum modelo de liderança organizacional ou orientada para realizações deve se sobrepor aos valores e ao chamado do evangelho como modelo estrutural e funcional central e como identidade para os líderes locais da igreja e do ministério cristão. À medida que tenho refletido sobre essa passagem, tenho pensado nos milhares e milhares de pastores, líderes de ministérios, conselhos de presbíteros e conselhos de diáconos em todo o mundo, e me pergunto se as normas comunitárias dessa passagem fazem parte da experiência deles como líderes. A passagem está na carta de Paulo aos Efésios:

Rogo-vos (…) eu, o prisioneiro no Senhor, que andeis de modo digno da vocação a que fostes chamados, com toda a humildade e mansidão, com longanimidade, suportando-vos uns aos outros em amor, esforçando-vos diligentemente por preservar a unidade do Espírito no vínculo da paz. (Ef 4.1-3)

Deve ser observado que a primeira aplicação de Paulo das verdades do evangelho, que ele acaba de expor aos efésios, é lembrá-los de que são essas mesmas verdades que devem moldar a maneira como pensam sobre si mesmos e suas relações uns com os outros. Essas verdades devem ser a pedra fundamental de qualquer estrutura comunitária que eles construam. Há poucas aplicações mais importantes das verdades do evangelho de Jesus Cristo do que refletir sobre como elas definem a agenda de como vivemos, trabalhamos e nos relacionamos uns com os outros como membros do corpo de Cristo. Permita-me ressaltar que não há cláusula de exceção para pastores, presbíteros e diáconos ou algum modelo comunitário diferente para eles nessa passagem ou em qualquer uma das passagens semelhantes. O evangelho, que é nossa esperança na vida e na morte, também define a agenda de como vivemos, como lideramos e nos relacionamos entre o “já” da nossa conversão e o “ainda não” do nosso lar final.

O meu propósito aqui não é fazer um estudo detalhado de Efésias 4.1-3, mas propor como seus valores evangélicos podem começar a moldar o modo de pensarmos sobre a maneira como trabalhamos e nos relacionamos como líderes da igreja. Quero sugerir que se você realmente deseja que seus relacionamentos sejam dignos do evangelho que recebeu, então irá valorizar a humildade, a gentileza, a paciência, o amor e a paz, e se você valoriza essas características evangélicas, vai se perguntar: “Como seria minha comunidade de líderes se eu realmente valorizasse essas coisas mais do que posições, poder, realização, aplauso ou sucesso?”.

Do livro Liderança, de Paul Tripp, em preparo pela Cultura Cristã.

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