“(…) até que os tempos dos gentios se completem, Jerusalém será pisada por eles” (Lc 21.24).
Com razão, a maioria dos teólogos reformados interpreta muitas promessas para Israel como promessas também para a igreja de Cristo. O próprio apóstolo Tiago apontou para isso no primeiro concílio em Jerusalém. Falando sobre a conversão dos gentios, ele enfatizou que aquilo estava acontecendo conforme a promessa de Deus: “Reedificarei o tabernáculo caído de Davi” (At 15.16). E o apóstolo Paulo diz que os gentios crentes, foram “enxertados” na oliveira de Israel (Rm 11.17).[1]
Mas isso não quer dizer que não resta mais qualquer esperança para o povo de Israel, pois no mesmo capítulo, Paulo escreve “que veio endurecimento em parte a Israel, até que haja entrado a plenitude dos gentios” (Rm 11.25). Essa é a mesma expressão usada pelo Senhor Jesus no sermão profético citado (Lc 21.24).
Estaríamos ainda vivendo no “tempo dos gentios”?
Jesus disse que os gentios pisariam Jerusalém “até…” Quando Ele declarou isso o poder político estava nas mãos de gentios, nesse caso os romanos. A partir da captura de Jerusalém (586 a.C.), eram os babilônios, depois os persas, gregos e romanos. E após a queda da cidade no ano 70 d.C., a situação não mudou, pois sempre esteve ocupada por gentios, ainda no século 20, debaixo dos turcos e ingleses até o término do mandato das Nações Unidas gentílicas em 1948.
Foi então que Ben Gurion proclamou o Estado de Israel. Entretanto somente quando as nações árabes decidiram apagar Israel do mapa, outro milagre ocorreu. Na batalha de auto-defesa, os judeus tomaram Jerusalém, e o seu rabino-mor disse ao pé do Muro das Lamentações: “Capturamos a cidade santa. Entramos na era messiânica” (1967).
A melhor interpretação de uma profecia é o seu cumprimento (Jo 2.22). Por isso é bom estar a par das notícias, não chegando a conclusões apressadas.[2]
Vigiai e orai!
[1] Não “substituiram” Israel.
[2] A aliyah (subida, volta para Israel) dos judeus etíopes foi concluída em 2013.
De Meditações de um Peregrino, de Frans Leonard Schalkwijk, Cultura Cristã, 2014.