As páginas inspiradas da Bíblia infalível constituem a Palavra inerrante de Deus. Cada palavra antiga nessas páginas é parte de um testemunho atemporal e transcendente, um testemunho sem falha ou erro. A Bíblia não é a palavra de homens, mas a revelação divina que procedeu da boca de Deus. Enfaticamente, a Bíblia afirma isso de capa a capa.
No Antigo Testamento, Davi declarou: “As palavras do Senhor são palavras puras, prata refinada em cadinho de barro, depurada sete vezes” (Sl 12.6).[1] Isso significa que as Escrituras são absolutamente puras, como se elas tivessem sido purificadas num forno até ficar sem qualquer liga. Um salmista anônimo afirmou: “Puríssima é a tua palavra” (Sl 119.140). Isso declara que a Bíblia, a própria Palavra de Deus, é inteiramente perfeita em todas as suas circunstâncias. Salomão concordou com essa afirmação: “Toda palavra de Deus”, disse ele, “é pura” (Pv 30.5). Em outras palavras, não há na Palavra de Deus qualquer impureza de opinião mundana, nenhuma amálgama da sabedoria do homem. É a verdade inadulterada do Deus vivo.
No Novo Testamento, Jesus declarou: “A tua palavra é a verdade” (Jo 17.17). “Verdade” significa realidade, como as coisas realmente são. É a autorrevelação do próprio Deus, de tudo que é consistente com seu ser santo. A verdade não é o que afirmam ser a cultura ou a sociedade. Tampouco é o que a maioria de uma população a considera ser. Não é como nós percebemos ou definimos a realidade. Verdade é aquilo que Deus afirma.
O pecado é como Deus o define. Salvação é aquilo que Deus afirma. Céu e inferno são como Deus os descreve. Paulo escreve: “Seja Deus verdadeiro, e mentiroso, todo homem” (Rm 3.4).
A verdade está entrelaçada na natureza trina de Deus. As Escrituras nos dizem que Deus é o “Deus da verdade” (Sl 31.5). O Filho de Deus é “a verdade” (Jo 14.6). O Espírito de Deus é “o Espírito da verdade” (Jo 14.17). A Palavra de Deus é “a palavra da verdade” (2Co 6.7). Cada aspecto de Deus – sua natureza, sua pessoa e sua Palavra – é verdade. Não há disjunção entre Deus e verdade.
As Escrituras são a “lei perfeita” (Tg 1.25), sendo que perfeito indica que as Escrituras são o registro inadulterado da verdade divina. A Bíblia é também “leite (…) puro” (1Pe 2.2 – NVI), sendo que a palavra puro significa não misturado com qualquer impureza humana. A Bíblia diz: “É impossível que Deus minta” (Hb 6.18). Se as Escrituras são a Palavra de Deus, e elas são, e se é impossível que Deus minta, e é, então precisamos concluir que é impossível que a Bíblia minta. Paulo afirma isso quando escreve: “Deus (…) não pode mentir” (Tt 1.2). Existem certas coisas que Deus não pode fazer. Ele não pode agir de modo contrário à sua própria natureza santa. Portanto, Deus jamais pode representar de modo errado a realidade de qualquer assunto em sua Palavra.
Afirmando esse fato, Charles Haddon Spurgeon disse: “Se eu não acreditasse na infalibilidade das Escrituras – em sua infalibilidade absoluta de capa a capa, eu jamais voltaria a subir neste púlpito”.[2] O mesmo deveria valer para todos que administram a Palavra. Aqueles que não creem na inerrância da Palavra de Deus jamais deveriam subir ao púlpito. Mas aqueles que creem nisso devem proclamar a verdade da Bíblia do topo do prédio mais alto.
A conexão inseparável
Visto que a Bíblia é o que alega ser – a Palavra inerrante de Deus – ela é capaz de fazer o que ela alega fazer. Visto que a Palavra de Deus é inerrante, ela é, portanto, invencível. Visto que a Palavra de Deus é impecavelmente pura, a conclusão lógica necessária é que ela é explosivamente poderosa. As Escrituras impecáveis são incapazes de serem vencidas. A Palavra inerrante de Deus é uma arma superior totalmente capaz de executar os propósitos de Deus.
Não existe um símbolo único da Bíblia que consiga comunicar todo o seu poder de salvar almas. Muitas metáforas são necessárias para comunicar a natureza abrangente de sua força divina. Em suas páginas, a Bíblia usa uma grande variedade de símbolos para revelar seu poder transformador, mas existem sete símbolos em especial que representam sua força extraordinária: a espada, o espelho, a semente, o leite, a lâmpada, o fogo e o martelo.
Uma espada que trespassa
Primeiro a Palavra de Deus é representada como uma espada, como uma lâmina afiada capaz de perfurar e alcançar as profundezas do coração humano. Hebreus 4.12-13 afirma:
(…) a palavra de Deus é viva, e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até ao ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e propósitos do coração. E não há criatura que não seja manifesta na sua presença; pelo contrário, todas as coisas estão descobertas e patentes aos olhos daquele a quem temos de prestar contas.
Esses dois versículos afirmam quatro verdades em relação ao que a Bíblia é e quatro verdades referentes ao que a Bíblia faz. Vejamos primeiro o que eles dizem sobre o que a Bíblia é.
Basicamente, o que esse texto nos diz é que as Escrituras são a Palavra divina. Em termos inequívocos, afirma que são “a Palavra de Deus”. Apesar de registradas por autores humanos, as Escrituras não pretendem ser a mera palavra de homens. Tampouco se apresentam como a melhor sabedoria que uma cultura antiga pode oferecer. Não sustenta que contêm as longas tradições de alguma instituição religiosa. Pelo contrário, as Escrituras alegam ser a própria Palavra de Deus. A visão do mundo registrada nesse livro sagrado veio da mente de Deus.
Além do mais, essa passagem afirma que a Bíblia é a Palavra viva. Continua: “Porque a palavra de Deus é viva (…)” Ou seja, as Escrituras são um livro vivo, que sempre fala em cada geração. No capítulo anterior de Hebreus, o autor escreve “diz o Espírito Santo” (3.7) e então cita o salmo 95.7. O que o Espírito “diz” é o que está registrado nas Escrituras. Além disso, o verbo está no tempo presente. Isso significa que esse salmo, escrito há muito tempo, é o que o Espírito diz no presente por meio de sua Palavra. Apesar de escrita milhares de anos atrás, a Bíblia está viva e ainda fala à humanidade. Esta é exatamente a ênfase que o autor de Hebreus está dando ao texto. A ordem das palavras na língua original é “viva pois a Palavra de Deus é”. “Viva” é a primeira palavra da oração, conhecida como posição enfática. Essa localização proeminente pretende atrair a atenção para a sua importância. Em palavras simples, a Palavra de Deus é viva, ela sempre fala e sempre transmite vida espiritual àqueles que recebem sua mensagem.
Reconhecendo a natureza viva das Escrituras, Martinho Lutero disse: “A Bíblia é viva. Ela fala comigo. Ela tem pés; ela me persegue. Ela tem mãos; ela me agarra”.[3] Esse reformador alemão alegava que esse livro antigo fala ao homem moderno de um modo que cativa a alma. Jesus disse: “As palavras que eu vos tenho dito são espírito e são vida” (Jo 6.63). As palavras que ele fala estão cheias de vida e dão vida. Qualquer outro livro contém as palavras fúteis do homem; como tal, qualquer outro livro é um livro morto. Mas a Palavra inerrante de Deus é um livro vivo e doador de vida. Consequentemente, as Escrituras são o livro mais relevante que jamais foi escrito. Esse livro vivo se comunica com cada pessoa em cada continente em cada era. Esse livro está constantemente falando, transcendendo tempos e culturas, dirigindo-se às questões reais de cada era. Hoje, muitos pregadores desejam um ministério contemporâneo. Para tanto, deveriam pregar a Bíblia. É o livro mais pertinente jamais escrito.
Esse texto diz também que as Escrituras são a Palavra ativa. Isso significa que elas possuem uma energia sobrenatural para realizar a obra de Deus no mundo. A palavra ativo indica que as Escrituras são extraordinariamente energéticas. Estão sempre cheias de energia divina, portanto, estão sempre operando. A Bíblia jamais é apática ou monótona. Esse livro dinâmico jamais se cansa. Jamais se arrasta para o púlpito. Muitas vezes quando subo ao púlpito estou física, emocional e mentalmente esgotado. Mas quando abro as páginas da Bíblia e prego suas verdades, esse livro de alta potência invade minha alma e me revifica. Esse livro com carga divina nunca sofre um burnout. Ela jamais tira um dia de férias, não conhece semestres sabáticos e nunca precisa descansar. Esse livro incansável está sempre operando no mundo. Após proclamar a Palavra, posso sentir-me exausto e talvez precise ir para casa descansar. Mas ainda muito tempo após o sermão as Escrituras continuam trabalhando no coração das pessoas,
realizando a obra de Deus nelas.
E tem mais. Esse versículo ensina que a Palavra de Deus é afiada, dizendo que é “mais cortante do que qualquer espada de dois gumes”. Na verdade, é a arma mais afiada em qualquer arsenal do mundo. Nenhum bisturi de cirurgião pode se comparar com seu poder cortante. Esse livro é incomparavelmente mais afiado do que qualquer instrumento feito por homens. Não existe uma única parte cega na Bíblia. Não importa onde você a abra, ela é afiada. Na verdade, essa espada é “de dois gumes”, i.e., ela corta de ambos os lados. Ela condena e converte, amacia e endurece, salva e condena. Não existe uma única passagem sem fio em todas as Escrituras. Não existe nelas capítulo que tenha perdido seu fio ou versículo sem corte. Cada palavra, cada versículo, cada capítulo e cada livro na Bíblia é afiado como uma navalha. Quando essa espada é manuseada, ela não fere pele, carne e osso. Ela penetra a profundeza do ser mais íntimo de uma pessoa. Nenhum pregador deveria jamais subir ao púlpito sem essa arma divina que lhe foi dada.
Após termos visto o que a Bíblia é, permanece a pergunta: O que a Bíblia faz? Hebreus 4.12-13 nos informa uma missão quádrupla daquilo que a espada das Escrituras realiza quando é manuseada corretamente.
Quanto a seu primeiro uso, a Palavra de Deus penetra a alma. Essa passagem diz que a Bíblia “penetra até ao ponto de dividir alma e espírito” (v. 12b). Esse livro divinamente inspirado é tão afiado que consegue penetrar as fachadas mais espessas que uma pessoa levanta. Como uma faca quente penetra a manteiga, a Bíblia trespassa as desculpas mais fortes que um homem possa apresentar. A Palavra de Deus pode penetrar o núcleo do ser de uma pessoa e tratar das questões mais profundas de sua vida. Uma mensagem humana se dirige apenas às necessidades apercebidas de um indivíduo. Mas a espada das Escrituras mergulha até os lugares mais profundos da alma. Ela atravessa a superfície da vida de uma pessoa e penetra os órgãos espirituais vitais, onde nenhum outro livro consegue chegar.
Além disso, a Palavra de Deus discerne os pensamentos. O texto diz que ela é “apta para discernir os pensamentos e propósitos do coração” (v. 12c). A palavra discernir (kritikos) significa criticar, ser ou agir como crítico. Isso significa que as Escrituras são capazes de avaliar com acurácia a vida de uma pessoa e reconhecê-la pelo que é. A Palavra de Deus é capaz de examinar as posturas e motivações invisíveis, expor as ambições e os desejos secretos e então proferir a sentença divina. O homem vê a aparência externa, mas Deus vê o coração (1Sm 16.7). Essa espada afiada de dois gumes consegue penetrar as fendas escondidas do coração e julgar o que apenas Deus consegue ver. A Palavra revela o que apenas uma pessoa sabe sobre si mesma – e muitas vezes até o que ela ainda não sabe sobre si mesma. As Escrituras mergulham nos lugares invisíveis do espírito humano e julgam as questões privadas do coração. Apenas a Palavra afiada de Deus consegue fazer isso.
A Palavra de Deus também expõe o coração. Hebreus 4.13a acrescenta: “E não há criatura que não seja manifesta na sua presença; pelo contrário, todas as coisas estão descobertas”. Essa declaração se refere àqueles que se encontram na mesa de cirurgia, sob a força cortante dessa espada de dois gumes. Deus é onisciente e conhece todas as coisas. Ele vê a vida interior e particular de cada pessoa. Sob a Palavra, todas as coisas são manifestas para que o homem veja o que Deus vê. A Palavra que penetra a alma descasca as camadas do coração de um homem, permitindo assim que essa palavra veja seu íntimo do ponto de vista divino. As posturas, os pensamentos, as intenções e as motivações são expostas quando a Palavra é manuseada. Armários secretos dentro da alma aberta são trazidos à luz. O ministério da Palavra de Deus expõe tudo.
Essa palavra descoberto é a palavra grega gymnos, da qual derivamos as nossas palavras ginásio e ginástica. No 1º século, um atleta em treinamento entrava na academia e se despia de tudo para poder treinar sem qualquer restrição. Nenhuma peça de roupa podia obstruir seus movimentos. O mesmo acontece num sentido espiritual. Quando administrada corretamente, a Palavra de Deus despe a alma. As Escrituras nos deixam nus perante um Deus santo. Exposta, uma pessoa se vê como é, como Deus a vê. As Escrituras removem todos os pretextos e desculpas que o homem pode usar para encobrir suas falhas perante Deus. A Palavra deixa a alma humana totalmente despida perante Deus.
Além disso, a Palavra de Deus abate a vida. As Escrituras nos deixam “descobertos” (trachelizo) perante Deus (v. 13b). A nossa palavra traqueotomia tem suas origens nessa palavra grega. Representa o ato com que se agarra a nuca de uma vítima para expor o pescoço ao golpe fatal. Em tempos antigos, o sacerdote seguraria o cordeiro sacrificial, puxaria seu cabeça para trás e então cortaria sua garganta. É exatamente isso que a Palavra de Deus faz com o ego concentrado em si mesmo e com o orgulho inflado. As Escrituras mortificam a justiça própria e matam a autossuficiência com seu poder de trespassar a alma.
A Palavra que mata o pecado deixa descoberto o coração “aos olhos daquele a quem temos de prestar contas”. A ideia é que a Palavra leva uma pessoa perante aquele ao qual precisa responder. Isso significa que a Palavra de Deus penetra as profundezas da alma de uma pessoa e mata a vida antiga. Ela esmaga o velho homem, convencendo-o do pecado e revelando sua necessidade desesperada da graça salvadora. Apenas a Palavra pode realizar uma cirurgia tão dramática no coração aberto.
No nascimento da igreja, Pedro manuseou a espada das Escrituras no dia de Pentecostes. O apóstolo desembainhou seu instrumento de lâmina mortal, e às pessoas presentes “compungiu-se-lhes o coração” (At 2.37a). Em seu sermão, Pedro citou Joel 2.28-32, Salmos 16.8-11 e Salmos 110.1. O apóstolo usou passagem após passagem para penetrar o coração das pessoas presentes naquele dia. Elas foram “compungidas” (katanusso), uma palavra que significa perfuradas como que com uma faca. Profundamente convictas, elas exclamaram: “Que faremos, irmãos?” (At 2.37b).
Cada pregador precisa pegar essa espada afiada de dois gumes e lançá-la com o poder do Espírito Santo. Jamais devemos subir ao púlpito desarmados. As armas da nossa guerra não são da carne, mas do Espírito, “poderosas em Deus, para destruir fortalezas” (2Co 10.4). Digo a cada pregador: largue seus garfos de plástico da sabedoria mundana. Largue sua espátula de passar manteiga da tradição religiosa. Largue as mensagens que fazem cócegas aos ouvidos e dão tapinhas nas costas. Largue toda pregação que bajula o ego. Desembainhe “a espada do Espírito, que é a palavra de Deus” (Ef 6.17). Você precisa ser um soldado da cruz que vai à guerra pelas almas dos homens com sua arma invencível.
Um espelho que revela
Em segundo lugar, as Escrituras são representadas como um espelho que revela o coração humano. Tiago 1.23-24 diz: “Porque, se alguém é ouvinte da palavra e não praticante, assemelha-se ao homem que contempla, num espelho, o seu rosto natural; pois a si mesmo se contempla, e se retira, e para logo se esquece de como era a sua aparência”. A ideia aqui é que a Palavra de Deus é como um espelho que fornece uma reflexo preciso.
Qual é o propósito de um espelho? Ele pretende permitir que uma pessoa se veja como realmente é. Um espelho nos dá conhecimento de nós mesmos. Ele nos fornece uma representação exata da aparência de uma pessoa. É exatamente isso que a Palavra de Deus faz. É um espelho espiritual que revela a aparência interior de uma pessoa. Cada pessoa tem uma autoconsciência distorcida até a Palavra de Deus lhe dar um conhecimento verdadeiro de si mesma. As Escrituras nos revelam quem e o que somos perante Deus. Além disso, a Palavra nos mostra também nossa necessidade da graça de Deus.
Experimentei esse poder refletidor da Palavra de Deus. Na verdade, nunca realmente me conheci até começar a ler a Palavra de Deus. Eu era um primogênito nascido na era dos baby boomers. Minha mãe e meu pai me amavam, e principalmente minha mãe me adorava. A irmã da minha mãe vivia conosco. Assim, eu tinha duas mulheres indulgentes que me elogiavam. Eu jogava futebol americano no ensino médio, onde participei de inúmeras pep rallies.* Eu ficava na frente do corpo de estudantes e recebia prêmios e troféus. As animadoras de torcida torciam por mim, e meus professores e colegas me aplaudiam. Fui para a faculdade para jogar futebol, onde tudo se repetiu com fãs e amigos me confirmando.
Na faculdade, comecei a ler a Bíblia com seriedade e descobri que o que Deus estava dizendo sobre mim não era o que todos os outros me diziam. O Novo Testamento estava revelando coisas sobre mim que eu não ouvia em nenhum outro lugar. Esse livro não estava me bajulando, mas me confrontando. A Palavra de Deus alimentava uma autoconsciência desconfortável que gerou convicção em meu coração. Esse espelho me deu o verdadeiro conhecimento de mim mesmo que havia faltado em minha vida. Essa autopercepção foi necessária para o meu crescimento na graça.
Cada pregador que sobe ao púlpito precisa apresentar constantemente o espelho aos seus ouvintes. Quando expõe a Bíblia, é como se ele estivesse atrás do espelho da Palavra. Seus ouvintes não deveriam vê-lo, mas deveriam estar olhando diretamente para esse espelho, vendo Deus e a si mesmos corretamente.
Muitas vezes após ter pregado na minha igreja, eu ficava na entrada saudando a congregação. Às vezes, percebia um homem parado num cantinho e sentia que ele estava esperando até que todo mundo tivesse saído para falar comigo em particular. Em ocasiões assim, o homem se aproximava de mim e perguntava, nervoso: “Você tem conversado com minha esposa?” Em todos os casos eu jamais havia conversado com a esposa. O que acontecera? A Palavra pregada havia exposto seu coração e revelado seus segredos interiores. Ele estava convencido de que eu o conhecia tão bem apenas porque havia conversado com sua esposa, com a pessoa que o conhecia melhor. Na verdade, era a Palavra de Deus que havia revelado seu coração a ele num desvelamento chocante.
Certa vez, eu estava pregando sobre 1Coríntios 13 e cheguei ao versículo 4, que começa com as palavras: “O amor é paciente…” Em minha mente, eu já estava quase pedindo perdão por estar apresentando o que eu considerava ser um sermão relativamente benigno. Eu havia me convencido de que esse sermão não teria qualquer efeito sobre meus ouvintes.
No final dessa mensagem, expliquei que Cristo é a encarnação perfeita do amor paciente, aquele que nos amou perfeitamente. Então, assim que encerrei o culto, um visitante avançou em direção ao púlpito num estado de quase pânico. Ele explicou que havia vindo à igreja sozinho porque ninguém em sua família aguentava mais sua impaciência, que, às vezes, o transformava numa pessoa exigente e autoritária. Ele confessou que, quando falei sobre a paciência de Deus conosco em Cristo, seu coração o condenou. Confessou que ele precisava dessa paciência. A Palavra de Deus havia revelado esse homem a si mesmo, e ele reconheceu sua necessidade de graça. Lá, no primeiro banco da igreja, esse homem quebrantado nasceu de novo.
Se eu tivesse simplesmente falado sobre a cultura naquele dia, se tivesse meramente apresentado a resenha de um livro ou citado um filme, se eu tivesse apenas criticado um novo programa de TV, esse homem jamais teria se convertido. Foi porque a Palavra de Deus havia sido levantada como um espelho que ele reconheceu sua necessidade urgente de graça, levando-o assim a depositar sua confiança em Cristo.
Ninguém se converterá a Cristo se não passar a ver a si mesmo como Deus o vê. Ninguém crescerá na graça de Deus sem observar a perfeita lei da liberdade e contemplar o caráter santo de Deus. É lá que as pessoas reconhecem sua verdadeira necessidade dele. Essa lei autorreveladora possui o poder santificador de transformar os cristãos de um nível de glória para outro.
A semente que germina
Em terceiro lugar, as Escrituras identificam a Palavra de Deus como uma semente que gera vida eterna em almas espiritualmente mortas. 1Pedro 1.23 diz: “Pois fostes regenerados não de semente corruptível, mas de incorruptível, mediante a palavra de Deus, a qual vive e é permanente”. Esse versículo se dirige àqueles que foram regenerados pela instrumentalidade da Palavra divina. As Escrituras são representadas como uma semente que possui os poderes da reprodução. A regeneração ocorre de forma passiva – “nascido de novo” é um verbo passivo. Apenas Deus está ativo na regeneração. O novo nascimento é monergístico, o que significa que existe um único agente ativo, Deus. Em sua obra soberana, Deus age sobre a alma espiritualmente morta. Ele concede vida espiritual, de modo que homens e mulheres são ressuscitados para uma nova existência. A pessoa que nasceu de novo se torna uma nova criatura em Cristo. As coisas velhas desaparecem instantaneamente e coisas novas vêm (2Co 5.17). A pessoa regenerada recebe uma vida nova totalmente diferente de qualquer coisa que já tenha experimentado. Entra nele vida abundante e vivifica a alma até então morta.
Nesse versículo, Pedro primeiro afirma enfaticamente como uma pessoa não é nascida de novo. Ele afirma que a vida eterna não é o resultado de uma semente perecível plantada em sua vida. Cada semente reproduz vida segundo sua própria espécie. Uma semente de maçã não produz uma jaqueira. Ela só pode produzir uma macieira, que, por sua vez, produz maçãs. Um princípio fundamental na vida é este: semelhantes produzem semelhantes. Uma semente é capaz de germinar para a propagação de exatamente o mesmo tipo de vida. Uma semente reproduz sua própria espécie.
Quando Pedro diz que nós nascemos de novo de uma “semente incorruptível”, ele quer dizer que a vida eterna é dada “mediante a palavra de Deus, a qual vive e é permanente”. Uma semente eterna é necessária para produzir vida eterna. A semente da Palavra é “viva” e “permanente”. A vida eterna é dada quando uma semente imperecível é semeada no coração. Uma semente “permanente” produz vida que perdura para sempre. Seria mais fácil fazer crescer um carvalho plantando bolas de gude do que alguém ser salvo plantando a semente perecível das filosofias e religiões deste mundo. Na parábola do semeador, Jesus ensinou: “(…) A semente é a palavra de Deus” (Lc 8.11). Essa semente divina possui e produz vida divina que nunca perece. Jesus disse: “Quem crê em mim, ainda que morra, viverá” (Jo 11.25). É exclusivamente por meio da Palavra de Deus que vem o novo nascimento.
No ministério do púlpito, o pregador colhe o que semeia. Se ele semear uma mensagem humana, ceifará uma igreja mundana. Se ele semear um humanismo secular e psicologia popular, ceifará uma igreja superfi cial. Se ele semear grandes quantidades de tendências culturais e tradições religiosas, ceifará uma igreja carnal. Se ele semear porções generosas de princípios comerciais e filosofia secular, se ele semear experiências pessoais e comentários políticos, ceifará uma igreja não convertida. Mas se um pregador semear a Palavra viva e incorruptível, Deus fará a semente germinar, o que resultará numa igreja regenerada.
No que diz respeito ao poder da Palavra, Spurgeon sustentou: “Eu preferiria falar cinco palavras deste livro do que 50.000 palavras dos filósofos. Se quisermos reavivamentos, precisamos reavivar nossa reverência pela palavra de Deus. Se quisermos conversões, precisamos colocar mais da palavra de Deus em nossos sermões”.[4] Eu concordo com o príncipe dos pregadores. Precisamos de mais da Palavra de Deus em nossa pregação, não de menos.
Um leite que nutre
Em quarto lugar, a Palavra de Deus é retratada como leite que nutre a alma. Uma vez que alguém foi regenerado pela Palavra, seu crescimento espiritual precisa ser nutrido, o que acontece por meio do leite da Palavra. O texto de 1Pedro 2.2-3 diz: “Desejai ardentemente, como crianças recém-nascidas, o genuíno leite espiritual, para que, por ele, vos seja dado crescimento para salvação, se é que já tendes a experiência de que o Senhor é bondoso”. O apóstolo está ensinando que os cristãos precisam sempre ser como recém-nascidos, com o desejo constante do leite puro da Palavra. Jamais devem supor que, algum dia, crescerão para não necessitarem mais dele. Devem sempre desejar esse leite. Cada cristão deve clamar por mais alimento da Palavra. Precisa possuir uma sede inextinguível em sua alma pela Palavra.
Leite é a fonte primária de nutrição para a vida humana e seu desenvolvimento. Bebês são capazes de digerir leite antes de conseguirem digerir comida sólida. Semelhantemente, aqueles que nasceram de novo deveriam desejar e devorar leite espiritual. Leite contém os anticorpos que fornecem a proteção contra doenças. É um estimulante potente para o crescimento físico. Semelhantemente, a Palavra de Deus protege os cristãos e estimula seu crescimento espiritual. Nenhum filho de Deus estará protegido contra o pecado ou crescerá espiritualmente sem seu consumo necessário da Palavra de Deus.
A Palavra de Deus é o meio primário para o crescimento espiritual. Como Pedro deixa claro, o consumo das Escrituras faz com que os cristãos “cresçam” em santidade pessoal. A verdade bíblica nutre o caráter cristão e faz com que o cristão avance no “crescimento para a salvação”, i.e., na santificação progressiva. Assim como um bebê precisa de leite frequentemente, a Palavra precisa ser saboreada e ingerida numa base diária. Citando Deuteronômio 8.3, Jesus disse: “Não só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus” (Mt 4.4). Semelhantemente, os cristãos precisam viver na base do leite da Palavra. Essa dieta espiritual produz um coração forte, uma fé forte e um sistema imunológico forte para se defender contra o pecado.
Esse poder santificador da Palavra é ensinado. O salmista escreve: “De que maneira poderá o jovem guardar puro o seu caminho? Observando-o segundo a tua palavra. (…) Guardo no coração as tuas palavras, para não pecar contra ti” (Sl 119.9,11). Quando um cristão guarda a Palavra em seu coração, ela o capacita a resistir aos engodos poderosos da tentação e a permanecer puro. Isso podia ser visto na vida de Jesus Cristo. Quando estava no deserto, nosso Senhor enfrentou múltiplas tentações de Satanás. Em reação à cada ataque do diabo, Jesus resistiu dizendo: “Está escrito…” Jesus desembainhou a espada do Espírito e repeliu os avanços de Satanás.
Cada pregador precisa pregar a Palavra e equipar seu rebanho para que ele consiga permanecer forte em sua busca pela santidade. Tragicamente, muitos pastores alimentam seu povo com fast food espiritual sem valor nutricional para seu desenvolvimento espiritual. É triste ter que dizer isso, mas há uma fome na terra de ouvir a Palavra do Senhor (Am 8.11). No entanto, quando o pregador expõe a Palavra de Deus, ele está alimentando seu povo com o leite puro necessário. Ao pregarem a Palavra, os expositores nutrem suas congregações equipando-as para resistir aos avanços do mundo, da carne e do diabo.
Uma lâmpada que brilha
Em quinto lugar, a Palavra de Deus é representada como uma lâmpada que brilha num mundo escuro. O salmista testifica: “Lâmpada para os meus pés é a tua palavra e, luz para os meus caminhos” (Sl 119.105). É importante que essa imagem dá a entender que o cristão vive num mundo caído de escuridão espiritual. Muitos perigos, labutas e armadilhas ameaçam a segurança de todos os seguidores de Cristo que estão na trilha estreita que leva à vida. Muitos peregrinos se desviaram dessa trilha e caíram em desastre moral para seu grande prejuízo. Às vezes, é difícil identificar o caminho. Cada cristão precisa que a luz divina seja lançada em sua frente para evitar os perigos que se escondem à beira do caminho. Neste mundo escuro e perigoso, a Palavra de Deus é uma tocha brilhante que capacita o viajante a reconhecer o caminho que o leva para casa.
Quando o salmista escreve “lâmpada para os meus pés é a tua palavra”, a ênfase não está na cabeça do viajante e naquilo que pensa. A atenção não se concentra em seus ouvidos e naquilo que ouve. O foco também não está voltado para os seus afetos e aquilo que sente. O que o texto destaca são seus pés. A luz que iluminou a mente, os ouvidos e o coração não pode parar por aí. A lâmpada da Palavra de Deus precisa governar a direção dos nossos pés. O objetivo da Palavra não é apenas informar, mas também dirigir e transformar. O que as pessoas aprendem com a cabeça precisa ser vivido com seus pés. James Montgomery Boice escreve: “Não sabemos como viver nossa vida, mas a Bíblia ilumina o caminho à nossa frente para expor as trilhas erradas e perigosas que poderíamos seguir e ilumina o caminho certo”.[5] A Palavra inerrante dá uma direção infalível à nossa vida enquanto atravessamos esse mundo escurecido.
Em outros lugares, a Bíblia confirma que a Palavra de Deus é uma luz que ilumina a vida do cristão e a orienta. Davi escreve: “O mandamento do Senhor é puro e ilumina os olhos” (Sl 19.8). Salomão reforça essa ideia: “Porque o mandamento é lâmpada, e a instrução, luz” (Pv 6.23). Pedro acrescenta: “Temos, assim, tanto mais confirmada a palavra profética, (…) como a uma candeia que brilha em lugar tenebroso” (2Pe 1.19). A lâmpada da revelação escrita e divina revela a vontade de Deus ao cristão. Seja ela expressa por mandamento ou preceito bíblico, seja por exemplo ou princípio bíblico, a Palavra ilumina o caminho que cada cristão deve seguir. Essa luz divina nas Escrituras não é apenas uma opção, mas uma necessidade absoluta para cada seguidor de Cristo.
Cada pregador deveria carregar uma tocha, erguendo a luz da verdade nas Escrituras. Em vez de lamentar os tempos decadentes atuais, lembremo-nos de que a luz brilha mais forte na hora mais escura da noite. Essa lâmpada da Palavra de Deus jamais foi tão necessária quanto nessa hora da meia-noite. Essa geração pecaminosa e adúltera não tem precedentes na história recente da civilização ocidental. Jamais foi mais necessário que a Palavra de Deus brilhasse nos púlpitos, revelando o caminho que precisamos seguir. Os servos de Deus precisam erguer a luz da verdade para que os cristãos possam evitar danos desastrosos. Os pregadores não devem esconder sua luz debaixo do alqueire, mas permitir que ela brilhe de modo que todos possam vê-la.
Um homem que fielmente ergueu a tocha da verdade num mundo escuro foi Spurgeon. A voz vitoriana reformada disse: “Tudo no sistema ferroviário depende da precisão dos sinais: quando estes estiverem errados, vida será sacrificada. No caminho para o céu precisamos de sinais inerrantes, caso contrário as catástrofes serão muito mais terríveis”.[6] Existe apenas um padrão divino que nos dá sinais infalíveis na vida. Esse guia inerrante é a lâmpada da Palavra de Deus. Cada púlpito precisa brilhar mais forte do que o sol ao meio-dia. Na medida em que essa era se torna mais escura, cada púlpito precisa brilhar com a verdade que invade a escuridão.
Um fogo que consome
Em sexto lugar, a Palavra de Deus é representada como um fogo que consome tudo que é falso. A Palavra de Deus é um instrumento poderoso que destrói tudo que é contrário à sua mensagem. Jeremias, o profeta chorão, registrou as palavras de Deus: “Não é a minha palavra fogo? diz o Senhor” (Jr 23.29). É uma pergunta retórica, pois a resposta é tão óbvia que ela não precisa ser dada. Qualquer pessoa racional conhece a resposta. A Palavra divina é como fogo. Existem muitos usos positivos para o fogo – ele fornece luz, calor e cozinha comida. No entanto, Deus pretende transmitir o sentido negativo em que sua Palavra é como fogo – ela consome aquilo com que entra em contato.
Nos dias de Jeremias, as pessoas que corriam perigo de serem consumidas pelo fogo divino eram os falsos profetas e todos que seguiam suas mentiras. Deus repreende esses homens por profetizarem falsamente na base do engano de seu próprio coração (v. 26); por fazerem com que as pessoas se esquecessem de seu nome (v. 27); por proclamarem seus sonhos (v. 28); por roubarem sua Palavra (v. 30); e por afastarem as pessoas da verdade (v. 32). Deus abandonará todos que recusarem sua mensagem (v. 33). No fim, ele punirá esses falsos profetas e todos que seguem suas palavras (v. 34).
Mais acima na profecia de Jeremias, Deus disse: “(…) eis que converterei em fogo as minhas palavras na tua boca” (Jr 5.14b). Isso significa que a Palavra de Deus é como um fogo que consumirá todos os infiéis. As chamas do juízo divino cairão sobre todos que não se voltarem para o Senhor. Deus é representado como um “fogo consumidor” (Hb 12.29) que condenará todos os infiéis à incineração eterna do inferno. Deus, que é fogo, e sua Palavra ardente são inseparáveis. Deus lançará os fogos do castigo eterno em todos que não construíram sobre a rocha sólida de sua Palavra.
Essa mensagem pesada da vingança divina precisa ser proclamada por cada pregador. Essa mensagem ardente fará com que os ouvintes sejam abençoados ou queimados. Não existe meio-termo. Nesta hora, precisamos de homens corajosos dispostos a declarar que o fogo divino consumirá tudo o que é falso. Ao mesmo tempo, pregamos a graça e a misericórdia de Deus. Mas isso não deve excluir a mensagem da ira divina. Deus queimará todos que recusem a sua mensagem. Quando pregada corretamente, a Bíblia é um livro que arde nas mãos. As Escrituras chiam com as chamas do julgamento divino. A Palavra contém a mensagem mais quente que o mundo já ouviu. Quando um homem prega, ele é chamado para iniciar e propagar esse fogo consumidor.
Um martelo que estraçalha
Em sétimo lugar, a Palavra de Deus é representada como um martelo que esmiúça os corações mais endurecidos. Nessa mesma passagem de Jeremias, em que é Deus quem fala e Jeremias é o porta-voz, Deus diz: “Não é a minha palavra (…) martelo que esmiúça a penha?” (Jr 23.29). Outra pergunta retórica, cuja resposta é fortemente afirmativa. Não existe força no mundo que se compare ao poder esmagador de almas da Palavra de Deus. Seu impacto é tão devastador que ela esmaga todos que resistem a Deus em descrença.
Nesse contexto, a rocha se refere aos corações endurecidos pelo pecado que abraçam a mensagem dos falsos profetas. Esses falsos mestres e seus seguidores eram teimosos e tinham corações endurecidos. Eram pessoas obstinadas. Suas testas eram como pedra. Suas vidas estavam cementadas em sua recusa da verdade de Deus. Rejeitando a verdade, rejeitavam a Deus. Tinham corações frios e sem vida que resistiam à verdade de Deus.
Como esse tipo de coração endurecido será humilhado perante o Senhor? A submissão que leva à salvação vem quando o martelo invencível da Palavra de Deus é manuseado pelo pregador. Essa arma poderosa é capaz de derrubar qualquer resistência no dia do poder de Deus. Esse instrumento divino é mais duro do que o mais duro dos corações. É mais forte do que a testa mais grossa. É mais duro do que a alma mais rochosa. Ele é capaz de estraçalhar o coração mais resistente. Esse martelo pode levar um homem ou mulher a um lugar de entrega incondicional, o lugar em que clamará ao nome de Deus pela graça salvadora.
Mas se um homem não se arrepender, esse martelo aplicará o julgamento de Deus. Se a Palavra não amolecer um coração, ela o endurecerá ainda mais. Ao ouvir a Palavra, nenhum coração permanece o mesmo. Sob os golpes desse martelo, cada coração ou amolece ou endurece, se torna receptivo ou mais resistente.
Homens frágeis que sobem ao púlpito com a Bíblia têm um malho em suas mãos. Quando expõem as Escrituras, eles aplicam uma grande força sobre o coração de seus ouvintes. Trazem o poder da Palavra de Deus para a vida de sua congregação. Essa ferramenta transforma orgulho em poeira de humildade. Esmaga a justiça própria em pedaços miúdos, levando à submissão humilde perante Deus.
Um desafio final
Esses sete símbolos representam o poder invencível da Palavra inerrante. A Bíblia é capaz de fazer o que faz porque é o que afirma ser – a Palavra inadulterada, sem qualquer mistura de erro humano. A pureza e o poder da Palavra estão inseparavelmente vinculados um ao outro. Já que as Escrituras são sem falha, elas são poderosas. Já que são confiáveis, elas são consequentemente triunfantes.
Incentivo cada pregador a desembainhar a espada, a erguer o espelho, a semear a semente, a servir o leite, a fazer brilhar a lâmpada, a espalhar a chama e a brandir o martelo. Pare com a sabedoria secular no púlpito. Cancele o entretenimento na igreja. Demita a equipe de teatro. Livre-se dos estratagemas. Apague as luzes coloridas. Coloque o púlpito de volta no centro do prédio. Levante-se como um homem. Abra a Bíblia. Levante-a, liberte-a e deixe-a voar. É a Palavra inerrante e está cheia de poder invencível.
Trecho extraído do livro A Palavra Inerrante: perspectivas bíblicas, históricas, teológicas e pastorais, Editora Cultura Cristã.
[1] A versão do texto bíblico que será usado neste capítulo continua a ser ARA.
[2] Charles H. Spurgeon, The Metropolitan Tabernacle Pulpit (Pasadena, TX: Pilgrim Publications, 1974), 36:9.
[3] Martinho Lutero, The Table Talk of Martin Luther, org. Thomas S. Kepler (1952, reimpressão; Mineola, NY: Dover Publications, 2005), p. 207.
* Evento envolvendo todos os alunos da escola, realizado sempre antes de uma viagem para um torneio (N. do E.).
[4] Charles H. Spurgeon, The Metropolitan Tabernacle Pulpit (Pasadena, TX: Pilgrim Publications, sem data), 38:114.
[5] James Montgomery Boice, Psalms, Vol. 3: Psalms 107-150 (Grand Rapids, MI: Baker, 1998), p. 1026.
[6] Spurgeon, The Metropolitan Tabernacle Pulpit, 36:167.