Richard D. Phillips
“E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai.” (Jo 1.14).
Por meio de sua encarnação vitoriosa, Cristo se revelou ao homem como o Verbo de Deus, como a revelação da verdadeira natureza humana, e como a revelação final de Deus em toda sua graça e verdade. Além disso, temos de reparar que a glória de Deus é revelada em Cristo encarnado, habitando entre nós com graça e verdade.
Isso levanta três questões essenciais. A primeira é: você vê a glória revelada em Jesus Cristo? Isso serve como uma definição de cristão com a qual se pode trabalhar. Um cristão é alguém que vê, em Jesus, a glória de Deus. Outros podem vê-lo como um professor valoroso, um reformador social ou mesmo como uma vítima sofrida. Mas um cristão lê os evangelhos e vê a glória em Jesus Cristo de maneira que ele o adora e leva sua vida como discípulo de Jesus. Falamos como Pedro; quando as multidões começaram a deixar Jesus porque ele não queria ensinar o que elas queriam ouvir, Pedro disse: “Senhor, para quem iremos? Tu tens as palavras da vida eterna; e nós temos crido e conhecido que tu és o Santo de Deus, o Filho do Deus vivente” (Jo 6.68-69). Ao abraçar isso como salvação, a fé operada pelo Espírito faz de você um cristão e ganha a vida eterna.
A segunda é uma pergunta para os cristãos: nós permitimos, de fato, que a glória de Cristo habite entre nós e seja a glória principal na qual nos comprazemos? O que, por exemplo, estamos buscando em nossas igrejas? O que nos deixa ansiosos para ir à igreja? Será a música, o companheirismo com os amigos cristãos, ou mesmo a excelência da pregação? João aponta para a definição verdadeira do sucesso cristão: ver a glória de Cristo acampada entre nós na graça e na verdade de Deus. Se buscamos essa glória temos a promessa de Cristo de concedê-la. “Pois eu lhe serei, diz o Senhor… no meio dela, a sua glória” (Zc 2.5), disse Jesus lá atrás. Seja sua a glória que buscamos em nossas igrejas; como está nas Escrituras: “Aquele que se gloria, glorie-se no Senhor” (1Co 1.31).
O mesmo deve ser perguntado a nós individualmente como cristãos: Qual a glória que estamos buscando? Como estamos definindo o sucesso em nossas vidas e nas vidas de nossos filhos? É pela educação avançada, pelo progresso profissional ou posses materiais? Jesus diz: “E a vida eterna é esta: que te conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste” (Jo 17.3). Nós acreditamos nisso? João nos lembra que “o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai” (Jo 1.14). Seja essa glória nossa paixão e nosso desejo, que possamos viver vendo essa glória, crescendo sempre na graça e no conhecimento de Deus.
Por último, como o Cristo encarnado habita entre nós em sua glória? Existe algum estado espiritual ou emocional que devamos alcançar por meio de algum tipo de música? Há algum ritual que vai nos colocar em um estado de sintonia com a glória? Será que o cenário ou o ritual – a elegância de tetos abobadados e vidro colorido ou as repetições litúrgicas – vão fazer com que a glória do Cristo encarnado brilhe entre nós? Paulo diz que não. “Não perguntes em teu coração”, Paulo alerta, “Quem subirá ao céu? (isto é, para trazer Cristo do alto): ou, Quem descerá ao abismo? (isto é, para levantar Cristo dentre os mortos). Porém que se diz? A palavra está perto de ti, na tua boca e no teu coração; isto é, a palavra da fé que pregamos” (Rm 10.6-8). Cristo, em sua glória, está presente entre nós quando sua graça é recebida pelos corações humildes que buscam conhecê-lo e servi-lo como Senhor. Assim como os discípulos da estrada de Emaús falaram a respeito do Cristo vitorioso, que lhes tinha mostrado sua glória, possamos aprender em júbilo: “Porventura, não nos ardia o coração, quando ele, pelo caminho, nos falava, quando nos expunha as Escrituras?” (Lc 24.32). A glória de Cristo estará entre nós por meio da Palavra de Deus quando obedecermos a ordem do salmista: “Gloriai-vos no seu santo nome; alegre-se o coração dos que buscam o Senhor. Buscai o Senhor e o seu poder; buscai perpetuamente a sua presença” (Sl 105.3-4).
Texto de Richard D. Phillips, extraído do livro A Beleza e Glória de Cristo, organizado por Joel R. Beeke, Editora Cultura Cristã.