Devemos considerar […] de que maneira nós evangélicos temos nos posicionado na batalha pela verdade e moralidade em nossa cultura. Temos ocupado as linhas de frente, lutando pela fé e confrontando a desintegração moral dos últimos 40 a 60 anos? Temos consciência de que há uma batalha em andamento, não apenas um conflito nas regiões celestes, mas uma luta de vida ou morte pelo destino de homens, mulheres e crianças nesta vida e na próxima? Se a verdade da fé cristã é, de fato, uma verdade, então é antitética às ideias e à imoralidade de nossa era e deve ser praticada tanto no ensino quanto nas ações. A verdade exige confrontação. A confrontação deve ser feita em amor, mas não deixa de ser confrontação.
Infelizmente, as confrontações têm sido raras. A maior parte do mundo evangélico não está lutando ativamente, ou nem sequer entendeu que estamos em uma batalha. Em se tratando de questões atuais, o mundo evangélico tem, quase sempre, se mantido calado; ou, pior: não tem dito nada diferente daquilo que o mundo diria.
Eis o grande desastre evangélico, a omissão do mundo evangélico em defender a verdade como tal. Só há um nome para isso: acomodação. A igreja evangélica acomodou-se ao espírito do mundo. Em primeiro lugar, acomodou-se em relação às Escrituras. Muitos que se dizem evangélicos deixaram de afirmar a autoridade e veracidade dos ensinamentos bíblicos não apenas em relação a questões religiosas, mas nas áreas da ciência, história e moralidade. […] Em segundo lugar, acomodou-se em relação aos temas atuais, sem assumir uma posição clara quanto a questões críticas.
Essa acomodação tem custado caro; primeiro por destruir o poder das Escrituras de confrontar o espírito de nossa era e depois por permitir que nossa cultura continue a se deteriorar. Diante disso, devemos dizer com profunda tristeza que o grande empecilho para a igreja evitar a continuidade da desintegração cultural é a acomodação evangélica ao espírito do mundo ao nosso redor, com a sabedoria deste século, que afasta a igreja evangélica de se posicionar contra novo colapso de nossa cultura. A meu ver, quando nos colocamos diante de Jesus Cristo, descobrimos que as fraquezas e a acomodação dos evangélicos são as grandes responsáveis pela perda do etos cristão, ocorrida na área da cultura em nosso país nos últimos quarenta a sessenta anos.
Devemos entender, ainda, que se acomodar ao espírito do mundo ao nosso redor, na presente era, é a forma mais repulsiva de mundanismo, segundo a definição mais exata desse termo […].
A igreja no século 21 – O grande desastre evangélico, Francis Schaeffer, Cultura Cristã