Palavra do Editor | Por Cláudio Marra
A partir de cuidadoso planejamento, a Editora Cultura Cristã continua sua jornada de várias décadas a serviço do Reino — agora com 76 anos de existência (1948-2024) — com um atraente programa de lançamento de títulos de autores nacionais, além do novo currículo, já adotado pelas igrejas a partir de janeiro.
Bem estruturado, com bela apresentação e uso inteligente dos recursos pedagógicos mais recentes, o Currículo Cultura Cristã não será confundido com outros nem abalado por apressadas comparações. Examine as suas distinções:
- Fundamento – A Palavra de Deus, regra de fé e de prática
Nestes dias, a importância dessa distinção fica sublinhada pela adoção do eu como o fundamento para todas as escolhas. Então o leitor da Bíblia lhe atribui o sentido que encontra “em seu coração”, sempre a serviço de curiosidades ou necessidades imediatas, como um prosaico horóscopo ou um banal analgésico.
A velha tradição católica, por outro lado, sustenta que Escritura e a Igreja Católica são a base de fé. O melhor argumento contra essa arrogante pretensão, porém, encontra-se no conteúdo antibíblico e pagão dessa tradição.
Com sua procedência e finalidade, a Escritura é todo o alicerce de que precisamos. “Toda a Escritura é inspirada por Deus [procede dele] e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra” (2Tm 3.16-17).
- Orientação doutrinária – Símbolos de Fé de Westminster
Será muito fácil, porém, adotarmos um entendimento individualista dela. De novo o eu. Nasce daí o deus-como-eu-o-entendo e o cristianismo-que-faz-sentido-para-mim.
Referida pela Escritura como “casa de Deus (…) igreja do Deus vivo, coluna e baluarte da verdade” (1Tm 3.15), é nela que estudamos o livro santo. O Senhor fala ao seu povo. Não pode haver dela entendimento fragmentário-individualista, daí a adoção pela IPB dos Símbolos de Fé de Westminster.
- Objetivo principal – Glorificar a Deus e promover alegria nele
Ter e praticar uma religião, promover encontros e eventos eclesiásticos, estimular o desenvolvimento intelectual e acadêmico, promover a socialização e o cuidado do próximo? É para isso que existimos? Essas são boas práticas, mas não substituem o fim principal do ser humano, que é glorificar a Deus e nos alegrarmos nele (1Co 10.31). Aliás, segundo John Piper, autor da Cultura Cristã, nós mais glorificamos a Deus quando mais nos alegramos nele. Nosso currículo sabe que igreja é lugar de gente feliz.
- Linha mestra dos estudos – A história da redenção
A Bíblia não é uma colcha de retalhos de narrativas e discursos. Tudo se encaixa e o fio condutor é o plano divino para a execução de seus atos redentores. Por isso, deve-se sempre responder a pergunta: onde se encaixa o que estamos hoje estudando?
- Âmbito e referencial dos relacionamentos – A aliança ou pacto da graça
O povo de Deus foi reunido pelos laços do pacto, compromisso eterno do Deus Trino, anunciado e confirmado por ele ao longo da história da redenção e executado em Cristo. A aliança fala do relacionamento de Deus com o seu povo por meio de Jesus. Somos o povo da aliança, filhos de Abraão.
- Cristologia – Ênfase cristoicônica: como se vê Jesus em toda a Escritura
Não a lemos para saber sobre Jacó ou Mateus. A Bíblia é sobre Deus, ela o revela, por isso Jesus disse que as Escrituras falam dele (Lc 24.27; Jo 5.39). Descobrir com devoção como cada passagem nos remete a Jesus é ler a Bíblia direito. Almejamos a formação do caráter de Cristo na vida dos alunos.
- Extensão das aplicações – pessoal, familiar, eclesiástica, cultural
Ler só para ficar sabendo? Para responder perguntas de memória? Longe disso. Aprendemos sobre a procedência divina da Escritura e sobre sua utilidade (2Tm 3.16-17). O entorno da igreja perceberá a diferença que a lei de Deus faz na vida do crente (Mt 5.16). O Currículo Cultura Cristã não se esquece disso.
- Abrangência e atualidade do pensamento desenvolvido – cosmovisão cristã
O cristianismo não é só uma coisa religiosa. A Reforma do século 16 partiu da Soberania de Deus, reconhecendo seu senhorio sobre todas as esferas da existência. Cosmovisão refere-se ao modo de se ver toda a realidade. O modo certo de entender todas as coisas é o modo divino, tal como exposto nas Escrituras. É o que nosso currículo ensina.
- Missão – a evangelização de cada pessoa e discipulado de cada crente
O que temos de fazer? Discipular todas as nações (Mt 28.19-20). Não podemos esquecer povos distantes e outras etnias, mas também devemos nos lembrar do vizinho ao lado. Vamos apresentar o evangelho a maiorias e minorias, integrar os convertidos na comunidade cristã e ensiná-los a guardar todas as coisas que Jesus ordenou.
Após 76 anos de bênçãos, a IPB vê na Cultura Cristã sempre novos motivos de gratidão.